quinta-feira, 9 de maio de 2013

TRF da 1ª Região determina desocupação de Belo Monte. Polícia Federal está preparada para cumprir decisão

Indígenas souberam da decisão durante a madrugada.

Após duas decisões da Justiça Federal em Altamira negando o pedido da Norte Energia para que indígenas desocupassem um dos canteiros de construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinou a reintegração de posse da área.

A decisão é da desembargadora Selene Almeida e foi dada a noite desta quarta-feira, 08 de maio, após as 22 horas. 

A ordem permite a retirada forçada dos indígenas para  evacuar o canteiro, e deixa a critério da força policial admitir ou não a entrada de jornalistas, advogados e observadores externos. Segundo operários, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) já estaria mobilizando os trabalhadores para retornarem nos turnos da madrugada e da manhã no sítio Belo Monte, ocupado por indígenas.

Segundo o Ministério Público Federal, que fora notificado da decisão, a Polícia Federal em Altamira está preparada para cumprir a decisão ainda nesta quarta-feira, 09 de maio.
A Funai informou ao MPF que os índios estavam debatendo contrapropostas para encaminhar ao governo federal, mas foram surpreendidos com a ordem de despejo já na madrugada de hoje. O MPF vai pedir à Justiça Federal que suspenda a reintegração, porque considera que as negociações tinham sido iniciadas e a manifestação é pacífica. 

A decisão da desembargadora Selene Almeida se baseou em grande parte em um relatório feito pela Polícia Federal de Altamira, que é datado do último domingo (5) e não está atualizado com as informações mais recentes, como a evolução das negociações. O relatório policial contradiz as informações da Funai e mostra uma situação de risco na ocupação. 

Preocupa o MPF a possibilidade de a desembargadora ter decidido sem as informações atualizadas fornecidas pela Funai, que tinha sido designada pela própria Justiça Federal para acompanhar e relatar a situação nos canteiros. A presença de crianças no acampamento é outra razão para o máximo de cautela na operação. 

O MPF também está preocupado com a condução da operação de reintegração de posse, já que a chefe da PF em Altamira, responsável pelo relatório feito à Justiça, é casada com o advogado da Norte Energia S.A Felipe Callegaro Pereira Fortes, autor do pedido de reintegração de posse. No agravo feito ao TRF1, o advogado chega a citar o relatório da PF, assinado pela sua esposa. 


As informações são do Movimento Xingu Vivo e do MPF
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